ARQUIVOS, IMAGENS, TEXTOS E REPORTAGENS SOBRE RITA LEE, A BIG MAMMA DO ROCK

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Rita Lee - A vida e a glória de uma superestrela - parte 1

A partir de hoje, vamos publicar a biografia que vinha na revista "Rita Lee - A vida e a glória de uma superestrela", de 1980.

Era uma vez uma menininha... decidida, teimosa, levada toda vida
“Mamãnhêêêêê! Vem pegar o menino baiano que ele já está enchendo o saco!” Era o que bastava para iniciar a confusão. Quando Virgínia, a irmã do meio, chamava a caçula Rita pe¬lo apelido masculino, ela ficava vermelha de ódio. E a vingança não tardava: Ritinha logo pegava o brinquedo favorito da irmã im-plicante e estraçalhava em mil pedaços. Choro geral, é claro... Apaziguados os ânimos, Rita decidia brincar com a irmã mais velha, Mary Lee, a "privilegiada" que tinha um quarto só para ela. Mas Mary Lee, anos mais velha que Rita, tinha naturalmente outros interesses, e frequentemente estava na sala de visitas recebendo um namoradinho fortuito. Era a grande chance de Rita. Sem o menor constrangimento, ela se plantava ao lado do sofá e exigia o preço de seu silêncio: um saco de balas, dinheiro para comprá-las, um brochinho há muito cobiçado, etc. Era chantagem braba: Rita não arredava o pé enquanto não conseguisse o suborno desejado. E assim corria a vidinha doméstica no lar doce lar da família Jones.

Orelhuda e desastrada: uma ovelhinha negra!

Desde pequena, Rita tinha uma certa vocação para ovelha negra. Quando Dona Romilda saia com as filhas à rua, as pessoas com quem encontrava diziam para Virgínia: "Que gracinha de menina!". Ai passavam a mão na cabeça de Rita e diziam: "Que orelhudinha...". Mas Rita não tinha inveja da beleza de Virginia, pelo contrário. Ela afirmava, cheia de orgulho, que quando a irmã crescesse seria a Branca de Neve. Havia, no entanto, uma disputa: ambas sonhavam em conquistar o amor de Peter Pan. Virginia sempre achava que ganharia a parada, por causa dos "modos masculinos de Rita". E recomeçava a guerra do menino baiano...

Travessa e louca por uma aventura, Rita certamente deve ter batido um recorde que merecia figurar no famoso livro Guiness: o de fraturas. Ela quebrou os dois joelhos, os dois dedões dos pés, o dedo indicador da mão direita, o polegar da mão esquer¬da, arrancou a rótula esquerda num tombo de bicicleta, quebrou dentes, o braço esquerdo, destroncou os quadris, fechou incontáveis janelas em cima das unhas e, certa vez, fraturou os dois pés ao mesmo tempo: "Como não havia jeito de me consertarem em menos de dois meses, tratei logo de imaginar que tinha voltado da guerra e perdido os dois pés; então eu curtia aquele sofrimento todo como se fosse um filme, prá variar..."

Através do piano da mãe, a primeira semente de som

Às vezes, ao inventar suas travessuras, Rita esbarrava na rígida educação de seu pai, o Dr. Charles Jones, dentista conhecido e simpatizante da causa confederada da Guerra Civil americana, da qual guarda trofeus de família. O Dr. Jones não deixava as filhas saírem de casa para brincar na rua. Então, a diversão favorita de Ritinha era fazer barraquinha no quintal e brincar de índio: ela roubava um lençol de sua mãe, pendurava no varal e ficava embaixo, fumando talo de samambaia!
Em matéria de música, as pri¬meiras informações que Rita recebeu foram através do piano de sua mãe, Dona Romilda, que gostava de executar polcas e clássicos ligeiros para fascínio da filha caçula. Pouco mais tarde, Virginia ganhou uma vitrola, e aí a sensibilidade musical de Rita foi invadida pelos superstars da época: Connie Francis, Neil Sedaka, Paul Anka, Tito Madi, João Gilberto e Dolores Duran. Mesmo sem poder mexer na vitrola, Rita ficava ouvindo os discos de longe. Era a semente de um talento que iria explodir anos depois, quando Elvis Presley fez a cabeça da mocinha Rita Lee.

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